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05 junho 2020

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Nesta semana, acordei com desejo de carne. E, como nos últimos dias tive o prazer de passar um bom tempo em Firenze (Florença), achei que nada seria mais justo do que falar dela, a ilustre bistecca alla fiorentina. Esse post será divido em dois, este com sua história e dados técnicos e um outro, amanhã, com aquele que, na minha opinião, é o melhor lugar para experimentá-la in loco, o Buca Lapi. Vamos à parte I:

bistecca alla fiorentina é um dos pratos mais célebres da cozinha italiana, mais precisamente de Florença. Sua história remonta ao tempo dos Médici, família que governou a região entre os séculos XV e XVII, e diz a lenda que foi durante as festas do dia de São Lourenço (10 de agosto), quando a cidade toda se reunia para celebrar, que aquela família passou a oferecer, em abundância, pedaços de carne bovina aos cidadãos, inclusive os pedaços mais nobres.

Tudo era assado nas praças da cidade em grandes fogueiras e, durante o ano todo, todos esperavam ansiosamente por tal banquete. De tão importante, tornou-se um dos símbolos da tradição fiorentina.

A palavra “bistecca”, por outro lado, tem uma origem ainda mais curiosa. Diz-se que em uma dessas festas, ainda no século XV, estavam também presentes alguns ingleses que estavam na cidade por razões de negócios – os Médici eram das mais importantes autoridades bancárias do mundo naquela época. Pois bem, depois de experimentar a carne assada, e apaixonados pelo sabor, teriam começado a gritar “Beef steak! Beef steak!”, a fim de ter um bis daquela iguaria. Os fiorentinos, por sua vez, teriam gostado da brincadeira, e imediatamente italianizaram a palavra: “Bi-stecca!”.

Seja como for, tecnicamente a bistecca alla fiorentina é feita a partir de uma peça de carne localizada nas costas da vaca (mais ou menos no meio da coluna) e necessariamente compreende o filé, o contrafilé e o osso – nos EUA, é aquilo que se conhece como o T-Bone Steak.

E existem alguns detalhes: ela deve ser servida malpassada (sangrando mesmo) e temperada apenas com sal grosso e pimenta depois de pronta. Simples assim.

Bela foto e bela matéria no site que adoro, dissapore.com

Quanto à peça inteira, o ideal é que o animal que dá origem a ela tenha sido abatido pelo menos 2 semanas antes, e que a carne seja armazenada em uma câmara frigorífera por pelo menos 2 semanas. Esse pedação de carne é então cortado em fatias de pelo menos “um dedo e meio” de altura e seu modo de preparo não poderia ser mais simples: na brasa, como o mais nobre churrasco do país da bota.

Entendeu o tamanho dos cozinheiros? Agora, imagina o tamanho da peça de bistecca...
Entendeu o tamanho dos cozinheiros? Agora, imagina o tamanho da peça de bistecca…

Esse prato é um clássico de Florença, e não consigo deixar de sorrir quando vejo turistas – principalmente japoneses – estupefatos e maravilhados quando veem aquela maravilha à sua frente.

Para nós, acostumados com um belo churrasco, pode não ser uma novidade. Mas, garanto, quando se consegue achar o lugar certo, com a técnica correta e a matéria-prima de excelência – que, afinal, são as únicas coisas que contam – gaúcho nenhum consegue botar defeito. Muito pelo contrário, garanto a alegria quando o prato chega e a satisfação na barriga quando ele termina.

Amanhã, falarei sobre o lugar onde comi a melhor bistecca alla fiorentina em Florença, o Buca Lapi. Espero vocês por aqui! A domani!

 

FONTE: https://flocibo.com/2015/01/12/bistecca-ala-fiorentina-parte-i/